Debrucei-me na janela, o tempo fechava lentamente e eu respirava profundamente para não me queixar mais uma vez, pois sentia a sua ausência, olhando para o horizonte me sentia menos covarde em admitir que sentia a sua falta. Queria me resguardar, mas meu orgulho me fazia um homem tolo. Segurando na mão esquerda uma xícara de café requentado...Teimei em questionar as coisas que estavam diante dos meus olhos, tentava me agarrar na parábola de uma sensatez tão tola e ingênua, que eu senti pena d'eu mesmo por alguns minutos. Procuramos entender coisas que precisamos apenas sentir, a vida passa e ficamos presos olhando pro horizonte e nos perguntando - 'poderia ter feito diferente? Poderia!'.
O meu rancor era mil vezes mais intragável do que essa xícara de café frio, eu me apegava á objetos esquecidos no fundo do armário, tentava me segurar com aflição as minhas lembranças, eu não queria esquecer, mas também não queria lembrar, pois a lembrança é assumir que errei, que falei muito e ouvi pouco, que não escutei meus instintos e suas intuições e me pego segurando o choro, com o vento batendo em meus olhos e fazendo com que estes ardam. Fico acreditando na tolice que tu voltará e é por isso minha amiga, que todos os dias bebo café frio e requentado, pois espero um dia tomar uma xícara quente do café recém feito por você...Não lhe peço perdão, pois você diria sabiamente:
-Não peça desculpas á mim, mas desculpe a si mesmo e aceite que nem sempre podemos ter razão, mas que devemos ser justos.
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Ele fechou cuidadosamente a janela, a chuva estava chegando aos poucos, com pingos grandes e vento forte, ele precisava lavar a louça, tirar a roupado do varal, chamar os gatos para comer e tomar um longo e morno banho na banheira. Antes, olhou o maço de cigarros amassados na mesa da cozinha, finalmente decidiu parar de fumar, agora que não tem mais ela dizendo que ele deveria fazê-lo.☽
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