(segundo texto de dois )
Não foi a primeira vez que tive esse infortúnio, não foi a primeira vez que alguém me pegou para cristo por conta das suas inseguranças e por mais nostálgico que seja a internet dos anos 2000, essa na qual passei minha adolescência, não era tudo lindo e maravilhoso, mas o acesso a informação e como a mesma circulava era lento e limitado, ao contrario de hoje em dia.
Já parei em site de chacota em 2004 , pura e simplesmente porque fiz uma pergunta básica para uma pessoa que eu seguia e era acostumada a ter um monte de gente bajulando-a, pois a pessoa era popular e padrão. A pessoa com ego ferido, mandou um texto com minhas informações pedindo para anônimos me ofenderem em meu fotolog/blog por eu não saber escrever direito. Resultado? Alguns insultos anônimos depois, algumas pessoas perceberam que a minha dificuldade na escrita, não era falta de atenção ou analfabetismo funcional, mas sim, o fato de eu ter realmente um problema, recebi acolhimento e a guria no fim me fez um favor. Mas nem somente de anonimato se faz um ego ferido.
Quando eu era menor aprendiz, a coordenadora da nossa turma me colocou para conversar com um garoto, não compreendi a começo, mas ele falou para a nossa docente que me odiava por eu ser como eu era. Por ele ser burro e eu não, que ele tinha raiva das pessoas que riam dele ( e eu não tinha nada a ver com isso, mas todo inseguro usa bodes expiatórios) . Eu fiquei bem pistola e disse que eu não nasci sabendo, que me dediquei para aprender e se ele parasse de depender apenas dos seus atributos físicos e se esforçasse teria resultados e assim, ficamos amigos durante o curso. Conhecimento tem que ser buscado, tem que haver questionamento, perguntar sem ter medo de ser julgado. Mas já tive trabalhos de escola vandalizados, fui acusada de roubo, fui roubada e sofri inúmeras violências pura e simplesmente por fazer o meu.
Eu passei por muita merda, não posso me pintar de branco e mudar o jeito que o mundo enxerga meus semelhantes. Mas posso mudar e ressignificar como eu me enxergo e como lido com os Trolls, pois pouca coisa mudou em 20 anos nesse sentido, pessoas abusivas e tóxicas sempre vão existir e permanecer, continuar fazendo por mim é combater esse tipo de individuo que nem sempre, quer trabalhar suas falhas. O mundo não é cor-de-rosa, mas nem por isso precisa ser cinza, no entanto, ninguém é obrigado a fazer tudo por nós, o maior esforço é nosso e isso é fato! Acho elitista preconceito linguístico, mas educação não é privilegio, é questão de um direito que muitos com o mínimo lutam para ter e outros com o máximo, fazem de tudo para tirar de quem quer buscá-la.
Sempre haverá gente a nossa frente, não significa que estamos atrasados, cada um anda em seu próprio ritmo. O mundo é cruel, as pessoas possuem seus preconceitos e limitações, mas devemos aceitar que nem todo mundo é perfeito, não falo de gente abusiva, mas falo que nem todo mundo atinge nossas expectativas e idealizações .Nem todo mundo merece nossa empatia e nosso máximo, jamais vai ser o suficiente para quem sente um imenso vazio, isso apenas um profissional da saúde mental tem capacidade para fornecer ajuda, se este individuo buscá-la . Durante esses anos desisti de coisas, deixei outras para trás e no processo de terapia, impor limites pode ser cruel para quem nunca os teve e nem pretende ter. Eu sinceramente, não sei se ainda quem me perseguia tem acesso a tudo que faço, mas eu tive que ter a coragem de falar sobre, mesmo que eu não cite nomes e nem aponte nada. E nunca vou fazê-lo, as minhas questões são responsabilidade minha, a do outro, não. Ser empático e ser permissivo tem uma enorme diferença!
O que ainda me mantem blogando, são pessoas como eu, que mesmo diante das diferenças agem com respeito, não impondo e apenas respeitando personas e espaços! Todos os trolls que enfrentei virtualmente ou no mundo real, eram pessoas que acreditam que tudo é sobre elas, que todas as pessoas deveriam dizer amém e ovacioná-las, por mais que eu ou outros estivéssemos abertos para acolhimento, nada nessa vida coletiva é uma via de mão única ! Ajudar quem precisa e ajudar quem quer, tem diferença . Admito, desisti muitas vezes, mas quando percebo que distâncias culturais são diminuídas, conhecimento chega com mais facilidade e isso inclui educação, é isso que ainda me motiva a blogar, escrever, adquirir conhecimento !
Lembre-se : todo blog é um mundo pessoal, nada é ataque pessoal e aprender o contrario também me foi necessário, não posso viver pisando em ovos ao falar das minhas vivências, seja aqui na internet ou no mundo real! Me é muito mais confortável viver off e de forma analógica, mas muitas vezes o monstro esta lá fora, noutras, somos nós mesmos que cultivamos ! (13/09/2024)
🎧Dragonian -Stellar Tombs
Oi outra vez,
ResponderExcluirTenho que concordar com tudo que você diz, educação é um direito que todos devem ter e também uma educação mais inclusiva. Como Paulo Freire dizia: "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção". Eu não sei se tenho dislexia, ainda não me aprofundei nisso na terapia, mas sempre senti vergonha de falar muito em público por não saber falar algumas palavras, principalmente com "x". E para escrever eu sou uma vergonha, dou graças ao corretor por me ajudar, pq confundo q com g, t com d, p com b, sempre fui boa em escrever, mas nunca em escrever corretamente, então entendo perfeitamente o seu caso. Você desde que me lembro sempre teve os textos tão bem escritos e por muitas vezes reflexivos, que os erros de português, pelo menos para mim, passaram batidos. Às vezes a questão mesmo é viver nossa vida da maneira mais confortável possível e não dá palco para gente insegura, é difícil, já que certas atitudes alheias despertam nossas inseguranças, mas com o tempo a gente acha uma forma de simplesmente se desligar de certas pessoas.
Abraços.
Oi Z. novamente!
ExcluirTeu comentário me deixou reflexiva, ate deixei para pensar nele e responder depois. Eh uma boa procurar saber se tu tem dislexia, depois que descobri que eu tenho, tem me ajudado bastante com a leitura e a autocobrança o corretor também me ajuda um pouco, confesso!
Sobre não dar palco para pessoas insegura: todos somos inseguros neh?! Mas muitas vezes as pessoas usam os outros como bode expiatório para camuflar as próprias inseguranças e isso eh terrível! - Além de aprendermos a se desligar como tu disse, não gastamos nosso réu primário AHUABAYUABA
Abraços
Oi Marcela! <3
ResponderExcluirMulher, desculpa o sumiço. Minha vontade de viver anda respirando por aparelhos, hahaha. mas cá estamos!
Eu tinha uma amiga que fez cursinho comigo e estudamos na mesma universidade no interior. Ela era de letras, e até eu me enturmar com as pessoas, andei um bom tempo com a galera de letras. Nessa época eu fiz muitas perguntas e ela me ensinou que o conceito de "português correto" e de linguagem é que tudo o que o povo brasileiro fala é correto e é linguagem. Que a formalidade não expressa a linguagem do brasileiro no dia-a-dia, e muito por isso que vc disse: conhecimento é poder mas tb é privilégio muitas vezes, nem todo mundo tem acesso. Trabalho com isso hoje (acesso a oportunidades em educação) e é gritante o quanto tem pessoas que esbanjam oportunidades e algumas têm que ralar muito. Achei bem digno seu texto, porque é isso: tem muita gente que fala do quanto inveja ou queria ser como a gente, mas esquece das horas de dedicação e esforço que tivemos pra desenvolver nossos talentos né?
Enfim, sensata demais!
Beijinhos e obrigada pelos comentários no Hishoku <3
Maoeee Shana!
ExcluirNão precisa se desculpar, eh compreensível! <3
Que bacana o que tua amiga disse! Uma ex-professora de português que teve Fanzine na época de faculdade, sempre defendia sobre aprender a se comunicar antes de aprender a escrever, pois uma coisa -segundo ela- não sobrevive sem a outra.
Eu quem agradeço de vdd!!!
Abraços!