Blogsfera, como vai? Vou indo, bem na medida das minhas possibilidades e impossibilidades.
Fiquei longe de ti entre idas e vindas, mas desta vez, foi por vontade própria e por incrível que pareça, eu gostei! Quando te conheci eu era uma garota de 14 anos, alternativa, insegura, introvertida, retraída, reservada e excêntrica....mas acima de tudo, criativa e recebia um pouco de ânimo e apoio, de quem me presava e me reconhecia como eu era, sem muros. Comecei um blog coletivo, sem nem ter computador em casa e três anos depois com um computador doado, tive autonomia e fiz o meu próprio blog.
Isso por um tempo foi legal, fiz amizades nas quais me correspondia por cartas, fazia ligações telefônicas e quando eram da mesma cidade, a amizade migrava para o mundo real. Mesclava o mundo virtual e o mundo real. Namorei dentro e fora da internet enquanto estudante do ensino médio, fui moldando meus gostos de forma vagarosa e independente de quaisquer julgamentos, eu resistia. Era eu contra o mundo e nunca desisti por conta dos dedos apontados. Mal sabia eu, o quão forte eu era (e sou), eu usava a virtualidade como ferramenta e vivia mais fora desse mundo do que dentro, muito do que eu consumia e muito do que me moldava era palpável, afinal de contas, o virtual era apenas uma ferramenta.
Quanto mais eu amadurecia, menos atrativo o mundo virtual me era, mais soava como adaptação ao mundo moderno e estreitamento de comunicação e fronteiras. Fiz amizades que me aceitavam e me tratavam como eu merecia, outras, nem tanto assim. Cedi a pressão de me expor acima do aceitável (pra mim) em redes, poderia ter sido influencer? Sim, mas isso não era uma vontade minha, mas sim, a vontade de muitas amizades que não se permitiam desbravar a vida adulta pós colégio sozinhas, que a única auto- permissão era perecer nesse mundo cibernético de faz de conta, ao invés de encarar o mundo real que nem sempre é glamuroso e limpo. O Mundo é cão, mas nem todo cão jaz de tanto morder. Nem toda fera se adapta a coleira e nem todo cordeiro é lobo! Malicia, não se restringe á apenas tesão e desonestidade, mas á reconhecer que nem tudo é tão linear, quadrado e unilateral. Só se dá poder ao outro, quando há consentimento próprio.
Engraçado, que sempre mostrei uma faceta minha real e mais educada por aqui. Muitas vezes mandava literalmente de forma educada, uns e outros tomarem no orifício anal deles.Mas em meados de 2019, comecei a ficar desgostosa por aqui ( na internet, no geral), tentei retomar o vigor de outrora durante a pandemia... Ainda sou muito de mim de 2001 em essência, mas sou adulta e cansei de explicar aos meus amigos sobre isso, que nem tudo é sobre aparência e viver de aparências! Cansei de ouvir desabafos sobre uma vida insalubre alheia, enquanto postam sorrisos falsos na rede ( me afastei por inteiro, pois cansei de ser metade). Viver de verdade só é solitário, para quem não entende que o tempo do outro, não é o mesmo que o nosso. Não somente o tempo me mostrou as coisas, mas o essencial foi em terapia. Compreendi que empatia e sororidade não cabia á todos dar. Compreendi que não cabia á mim, mostrar que nem sempre somos compreendidos e aceitos, que não é o fim do mundo não ser ovacionado o tempo todo. Dar espaço, não é sumiço e vínculo tão pouco é conveniência.
Foi bom enquanto durou, mas sabe? Tudo aqui é tão obsoleto, parado no tempo e de uma nostalgia corrosiva e intoxicante. Não há mais nada que me agregue por aqui, apenas me sinto presa em um passado que já não me é mais pertencente ! O mundo real pode não ser colorido como aqui, mas nuances de Noir não é de todo ruim, ambiguidades são relativas e cada um sabe das suas!
Sabe, blogsfera?! Conheci muita gente bacana por aqui, mas não sei se tenho mais o que conversar, na realidade, é que não me interessa mais trocar ideia contigo. Além de filtrar o café, eu filtro quem pode ver a minha vida e fazer parte dela. Foi mal! Talvez o meu problema no fim, tenha sido mostrar quem sou de verdade, para quem vive de ilusão! Mas quando a verdade é falada, isso se torna um defeito para quem não sabe ouvi-la e eu aprendi a esbravejar, isso já é uma vitória, para quem só resmungava baixo e engolia o choro. Sabe blogsfera, não sei se eu voltaria mais uma vez, não me sinto mais apegada a você! É interessante como parei de soar como justificativa...
Vivo cada fase da vida, sendo eu mesma e a moral disso tudo, é que não tem moral nenhuma! Aceitei cada momento merda da minha vida, sem apagar os bons momentos!
Foi bom, não vou dizer que não é você, não sou falsa demagoga, é que não estava dando mais Dear Blog!Qualquer coisa, estarei em outras redes, mas não espere espetáculo e tão pouco reciprocidade forçada Dona Internet.
Adeus Blogsfera!Foi bom enquanto durou...
Gradicida, Marcela!