Sobre perder registros e manter lembranças

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 🎧PARADISE LOST - Silence Like The Grave


Falei na postagem anterior sobre perder fotos. Eram trabalhos amadores mas também lembranças, nas quais eu estava me programando para imprimir e enquadrar/colocar em álbuns de colagens. Há quem viva apenas para publicações na internet, mas fotografar e guardar lembranças 
é algo que faço a mais de vinte anos de forma analógica, primeiramente. Ou seja: ter ou não fotografias para ganhar views não me faz diferença, se não nem teria começado do zero um perfil.- lembro que tive uma amizade, que se divertia (vamos usar esse adjetivo, pois nem era divertido) roubando fotografias alheias e "queimando" seus HDs. Pura e simplesmente para usar as fotos de terceiros como se fossem suas e nem era perfil fake. Viagens nas quais ela nunca fez, coisas que ela nunca havia feito, comprado e provado estavam lá na timeline do Facebook e quem era próximo sabia, que ela nunca o fez e que a mesma.Que graça há em "viver" uma vida que não é sua?

Quando eu perdi parte das minhas fotografias, fiquei mal...havia muito de mim nelas, afinal haviam também lembranças de família. Mas depois me dei conta, por conta do que passei com essa antiga amizade, que as vivencias ninguém rouba, apaga ou some com elas. Vivi muitas delas antes de me ausentar do mundo, também pude vivenciar vivencias alheias e isso me mudou e me moldou para quem sou nesse momento. Então, se eu voltei aqui não espero retribuição, comentários mil pois nem seria justo, levando em consideração que nem tudo que leio me identifico e sinto a necessidade de deixar algo registrado. 

Não é pelo simples fato de não estar publico, que alguém não viva e aproveite os momentos, saia e tenha amigos. Não entrarei em detalhes sobre o que me afastou de tudo durante uns meses, mas sabem!? Conhecer outras pessoas, mesmo que eu não tenha criado um vinculo duradouro me fez bem. Sai um pouco da bolha, não que eu estava nela voluntariamente, mas quando se vive dentro de um nicho, nem todos possuem certas responsabilidades, nem todos mudam suas perspectivas sobre o mundo (amadurecem o olhar) e tão pouco fazem terapia. Pois  sim, isso te afasta de um monte de coisas e afasta as pessoas, seu olhar muda e nem todos aceitam a sua mudança ( e tudo certo ).

Eram pessoas com o dobro da minha idade, no mesmo barco que eu ... com a saúde mental ferrada bem antes de'u nascer ou eu ainda estava cogitando procurar ajuda e isso, é coisa de mais de vinte anos. Por vezes queremos viver a vibe de " Brilho Eterno de uma Mente sem lembranças", mas até onde vai a nossa "necessidade" de nos punir por lembrarmos, vivermos presos numa lembrança ou a falsa necessidade de aceitação vivendo pra postar, ao invés de deixar para depois. As redes sociais estão ali, mas não são a gente por completo e nem um órgão essencial. Vivi a transição do analógico pro digital, falo que também fui vitima do sistema digamos, onde postar era essencial...seja aqui, Facebook, Fotolog e no Instagram. Mas ver pessoas que acompanhei dez anos atras, produzindo o mesmo conteúdo por mais de uma década, me fez refletir sobre...Eu não me reconhecia mais em alguns pontos e ver influencers alternativos fazendo a MESMA coisa, dar de cara com eles em eventos e os mesmos nem podendo curtir como um mortal, me fez fortificar ainda mais a didática: Penso logo existo, posto, logo me limito.


Está sendo extremamente saudável ter uma rede social " vazia " e que quero que cresça naturalmente, do que manter as mesmas amizades por perto, diminuindo a importância da minha terapia a um vídeo de 30 segundos de um pseudo intelectual do Tik Tok. Pois é, ninguém disse que a vida adulta seria fácil, mas ninguém proibiu não simplificar e parar de viver em via de mão única.


Até o próximo post!

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